“Sou o maior mentiroso do mundo. É bárbaro. Se vou até a esquina comprar uma revista e alguém me pergunta onde é que estou indo, sou capaz de dizer que vou a uma ópera. É terrível.” (Salinger)
É bárbaro, de fato. A moral que sopra do ombro é a única borracha a agir em monumentais acasos de condução. Condição. Condenação. Que seja! É doce, “o gosto do mal – mastigar vermelho, engolir fogo adocicado” (Clarice). Livra-se de encargos de quem te procura pelo que disseste, sai-se ileso, novo, como outro, por que não? A cada mentira, remodela-se – é genial!
É triste? Apenas quando a mentira é o julgo. Mesmo com olhos pedantes, palavras embargadas, peito teso. Assim:
“Naziazeno tem medo que lhe leiam na cara essa compreensão de tudo, essa inteligência das coisas, miserável e aviltante, que tem, por exemplo, o Duque. – Ele na frente do seu leiteiro parece que possui a cara do Duque, o olhar como que se lhe fica evasivo, ele parece que está mentindo em cada palavra verdadeira e angustiante que profere...” (Dyonélio Machado)
Bárbara e triste, intencional ou fuzilada, pequena mentira...
Se de gula tantos somos levados, meninos levados, fico com o gosto doce e a leveza da nobre manipulação das palavras.
I’m a sweet backspacer.
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