sexta-feira, 28 de agosto de 2009

            A mãe de George rumina quaisquer coisas do quarto. Mas o que há de tão mau nas luzes ligadas? Dígitos: 23:39.

            Um velho gesticulando a hermenêutica entre dois doutores, equacionando subjetividades, engessando em linhas cruzadas a linda literatura escolhida da vez.

            O passo tardo do relógio, o ruído da esfriadeira e a bolha de ar que escala a faringe; os sons da vida de George, minuto a minuto, em meio àquele engasgo:

            O café no leite, o abacaxi na sacola. Através da mesa, as fibras da mãe no vidro do café que virou felicidade.

            O engasgo volta. Se pudesse tossir as idéias, livrar-se delas e dormir, as coisas seriam ligeiramente mais justas.

            Respondeu a perguntas arbitrárias, obviamente íntimas, maldições tácitas sobre hábitos noturnos, conhecimentos enciclopédicos e por que raios estava aéreo.

            A noite estava lá; lástima ver o céu de óculos.

            Dias atrás, a esquizofrenia social era tópico, a crise de identidade era a escavadeira da vez; palavras, muitas, engolidas, cabeças assentindo e, na boca da mente, o engasgo. Quem destes todos é George?

            Dígitos: 23:47.

            Ou a idéia está procurando os peixes do fundo ou os ruídos estão abrandando mesmo.

            Os papéis esperam quietos por dias, as luvas também.

            George admite, publicamente, não saber quais dos eus é o seu, mas que sente-se bem em um lugar exclusivamente. Quando não lá, com quens. Não rodam vinte e quatro horas, contradiz-se passivamente. Contradizem-no por si.

            Uma fungada funda (?), uma olhada pela janela, e é realmente uma lástima não poder ver o céu sem óculos.

            Pesos e medidas ou peso e leveza?

            Para eles, George é um deles. Para todos eles. Apenas George não sabe, nem disto.

            Abraça os próprios braços. Dígitos: 23:51.

            A cama espera, a mãe, a xícara espera, o calor não. Um botão, e o velho das mãozinhas cala a boca. A solução de que precisava! Mas passou, e para o que ainda vem?

            Ponteiros param sem pilhas. Mãe.

            O pulmão para e segura, George precisa saber a que(m) pertence?

            Dorme, as palavras descobertas sobre a mesa vão esperar o botão para a desordem. Dormem.

            Se George não precisa saber nem pertencer nem.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

The imaginary guepard, the leopard print and the crazy kitten smile.

Maldito tom confessional.

Passam pelas beiradas dos óculos, como que pontos cegos de um carro, vultos, luzes, movimentos, manchas, jogos da velha. No zapear do rádio, manhã dessas: the imaginary guepard. Isso, sim, seria algo bom de ver assustar pelos lados dos olhos.

Ainda ruminando sobre a aula, boa de fato, o dizer: the leopard print, como um dress code sobre acompanhantes da era Vitoriana, fizeram a viagem de volta e o vulto surto surdo de the imaginary guepard soarem sutilmente engraçados. Análogos, em meus pleonasmos nonsense intermináveis.

Murcha lembrar das mãos que inspiraram, em cartas póstumas em guardanapos de papel, escrever por entre dedos desenhados, trecho de milonga gostada em mão dupla: your crazy kitten smile.

Hunting with no guns - a consciência que pisa enquanto os miolos mexem pelos declives do asfalto, ainda assim deita-se entre meus fones de ouvido.