terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Tomas, sobre o sono.

"Afirmava a suas amantes: só uma relação isenta de sentimentalismo, em que nenhum dos parceiros se arrogue direitos sobre a vida e a liberdade do outro, pode trazer felicidade para ambos."

momentos depois...

"A convenção não-escrita da amizade erótica implicava que o amor fosse excluído da vida de Tomas. Se ele desrespeitasse essa condição, suas outras amantes se sentiriam imediatamente numa posição inferior e se revoltariam. Sublocou, portanto, um quarto para Tereza e sua pesada mala. Queria cuidar dela, protegê-la, alegrar-se com sua presença, mas não via nenhuma necessidade de mudar seu modo de vida. Assim, não queria que se soubesse que ela dormia em sua casa. O sono compartilhado era o corpo de delito do amor."

ali adiante...

"Tomas pensava: deitar com uma mulher e dormir com ela, eis duas paixões não somente diferentes mas quase contraditórias. O amor não se manifesta pelo desejo de fazer amor (esse desejo se aplica a uma série de inumerável de mulheres), mas pelo desejo do sono compartilhado (este desejo diz respeito a uma só mulher)."

Que jogue a primeira pedra quem não concorde, ao menos em parte, com nosso querido Tomas. Grata.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Quando a pieguice pega, a memória tosse o humor varia a horizontalidade pede pele as perguntas não escracham e as respostas vagam mas somam; quando, ainda, ficar quieto é melhor olhar dormir comove pensar e sorrir acontecem no suspiro do dia todo; quando as pregações queima-sutiã caem por terra os olhos brilham; quando a fome some o que consome é o sono sozinhar é humming void; quando esperar é comum dizer é ter cuidado e ler é mais ainda; quando as frases não terminam o sol entra pela janela as horas passeiam e as palavras extinguem; quando os caminhos voltam as tentativas de humor de sorrir de ver de saber; quando tudo tudo tudo em tão pouco tempo tanto tempo quanto tempo e záz e tal.