Amar é uma bosta.
Nem se trata do tempo despendido no processo de captura e moção ao cativeiro, não, longe disso. Falo da pior batalha: a interna. Afinal, a única parte de que se pode falar com propriedade, ter certeza a respeito e usar como termômetro na escolha das próprias ações é justamente a nossa. Nem adianta reclamar, os sinais alheios são friamente escolhidos e performados à sua livre escolha, sem moralismos e apreços tácitos.
Pense-se então, num primeiro momento, em agir da melhor forma, o clássico mofado: “como quisesse que fizessem com você”. Foda-se. Com o semelhante não funciona assim. Civilizados? Sim. Adultos? Sim. Maduros? Haha! Novamente, só podemos garantir e take for granteed a nossa parte. Ok, aja conforme julgar mais prudente para, ao menos, não ter sobrepeso na consciência. Veja até quando agüenta. É praticamente sobrehumano agir bem sempre, responder respeitosamente sempre, ser independente e frio sempre. Faltou: fingir sempre. Entenda-se por ‘fingir’ todos os trâmites desonestos para consigo mesmo, os quais, na intenção de manipular o outro e obter-lhe atenção, abrigo e um mínimo de afetividade, levam-lhe a um máximo desgaste oriundo de esforços inúteis em ver um relacionamento como um jogo. Jogue fora os manuais.
Mariana, grande amiga, anotara do filme “Terapia do Amor”: “Podemos amar, aprender com o amor e partir pra outra”. Obrigada, Mariana. Pensando desta forma, é até possível superar situações intrigantes, lacônicas e aparentemente falaciosas, vulgarmente conhecidas como “e ele nunca mais deu sinal de vida”.
Na segunda leitura d’A Insustentável Leveza do Ser, do ilustre amigo Kundera, recomendada ainda mais do que a primeira, fui internamente forçada (o momento friccionando a lembrança contra a parede) a dar cuidadosa atenção às menções ao flerte. Dizia ele: “O que é o flerte? Pode-se dizer que é um comportamento que deve dar a entender que uma aproximação sexual é possível, sem que essa eventualidade possa ser entendida como uma certeza. Em outras palavras, o flerte é uma promessa de coito, mas uma promessa sem garantia.” Obrigada, Kundera.
Agora: encerra-se aí a alegria pululante do ser em contato diverso e distante, na cama, cara a cara? “Tchau, valeu, a gente se vê”? Por que raios há tanto do que se tratar enquanto desconhecidos? Por que os olhares se procuram, as palavras se chocam, deixam os livros cair, buscam-se, olham-se, prometem-se, e tudo aquilo faz todo o sentido, alegria, busca da repetição. Batalha. Interna, vale retornar. Desfazer-se à beira do amor. (Quando já não conquistado e feito saber) Simples assim. Simples para quem? Amor? Não, obrigada. Finalize, querido Franz: “- O amor é um combate? Não tenho a menor vontade de lutar – disse Franz, e saiu.”
Andréia Dieter, 08/04/09.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
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