segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Um nó de gravata, um terno na cadeira, tingem nosso copo.
O teu copo vira nosso copo, o que tem de doce?
O guardanapo resvala, breves apresentações risíveis.
Aqui, ordem subversiva.
As pétalas do teu cravo no meu cabelo.

Vem sorriso, vem flor amarela, artista baiana e o cachorrão do amor.
Mais gelo? Sua esposa deseja mais champagne?
Cogumelo amassado na xicarazinha, Raphaela tem gengibre aqui?
Dois pares de chinelos e uma amiga.
No lavabo, casaquinho?

Quem não tomou café? A mãe da noiva tá chamando.
Estamos atrasadas. E lindas.
Madrinhas do noivo, à esquerda do padrinho, passo à direita pela frente, outro braço do padrinho e dois pra cá, dois pra lá. Sorria!
Braço tostado e emoção.

O buquê – vamos lá! Uma vez, duas vezes, não foi.
Sorvete de (muito) limão, montanha de doces.
Almofadas fofas, parnasianismo, confra(e)ternização.

Ih... vão lavar o chão. Vamos?

A Desconstrução do Ídolo - Volume II - Pocket

It's just being built. I promised you wouldn't wait long, not as much as I did.

De volta ao fim do caderno. À rede. Aos volumes sobre as últimas constatações quebradoras de pedestal.
Intenção da vez: pocket. Reflexão de bolso; do bolso que meu vestido nem tinha, mas que veio junto comigo, pendurada nas pétalas do cabelo.
Pois bem, ignorância, nas duas acepções da palavra. No início, era o óbito do verbo; naquele então, foi a ignorância. Fingir não ver, em plena luz do dia, e evitar mínimas investidas do escrupuloso respeito “tudo bem?”, fecharam a caixa, ataram o laço, enviaram para longe os cacos do altar, os pezinhos do pedestal e o pó que juntou embaixo.
As pessoas do mundo podem ser – e o são – tão comuns quanto eu e você, é imprescindível perceber. Admiramos, pois, o que julgamos escasso, o que desejaríamos ser ou, em estância mais umbiguesca, aquilo que assemelha-se a nós. Imprudência é exagerar e pensar que é exemplar único. Engano. Acontece que conhece-se menos do que se deveria. Cada vez mais encontro pessoas espetaculares em razão de procurar conhecê-las.
Desfocam-se os ranços, há mais luz onde antes pairava a sombra do ídolo. O que fica e os que chegam são a leveza que eu tanto esperava.