Ela está lá. Não sinto nada muito atrelado ao concreto, não lembrei do clipe dos Chemical Brothers até por autopreservação. Ela eeeela, não está lá. Está o que ficou de palpável, e nas minhas memórias o que é permanente. Efemeridade? Tal como o que sobra de nós.
"Eu estarrr nova", disse Herica Dieter. Ah, como eu amo aquela baixinha.
Novo exercício de paciência - de Jó. Nova lição. Consegui alcançar as demais; profissão, relacionamento, vizinhança. Falta isso de paciência Homérica, aguentar a subjugação intelectual forçada no convívio com parentes ligeiramente egoistas e, surpreenda-se, não pacienciosos.
Os ventos cantavam, as folhas das árvores alvoroçavam e lá estava eu, em meio a dezenas de histórias, seguidos "Hier ruth fulando de tal". A maioria deles, meus parentes desconhecidos, contudo "Dieters", "Buttenbenders" ou "Blumes". Cemitério dominado pela família. Zilhões de pessoas nascidas em 1800 e tantos. Inúmeros formatos, símbolos, alemão e latim a dar com pau.
Silêncio daqueles que estorvam, tranquilidade daquelas que não dão sono. As lágrimas varreram as bochechas? Certo que sim. A lembrança do último dia, de segurar seus dedos frios, tocar seus cabelos fininhos, ver aquele rosto que me sorriu desde o nascimento ali jazer quieto, abraçar minha pequena Herica sem saber dizer nada, meus amigos nas minhas mãos, o sol, a pino, clareando omoplatas brancas como a consciência. Isso é o que fez chorar - a lembrança da despedida. Se eu digo que ela não está realmente lá, não haveria porquê debruçar-me. O que trancava o suspiro era lembrar do que pensei naquela tarde triste enquanto lá fechavam sua imagem: "olha que lugar bonito, era aqui que ela queria ficar". Penso que fiz a coisa certa. Os montes, os ventos.
sábado, 1 de maio de 2010
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